quinta-feira, maio 08, 2008

Ó Catilina...

O antigo, ou melhor, o demissionário presidente do PSD, Luis Filipe Menezes, conseguiu criar um conjunto de ilusões aos presidentes de juntas de freguesia, aos seccionistas de futebol, aos irmãos da Santa Casa da Misericórdia, aos operários já sem fábricas, aos professores ainda não avaliados, tentando a simbiose, ainda não conseguida, do azeite com o vinagre.
Acabou por avinagrar tudo e fazer subir os azeites às tolas mais consideradas como tolas ( o problema do acordo ortográfico: não sei quando é o ó ou quando se utiliza o ô).
O Pacheco Pereira não gostou que o plantador de couves não discutisse com ele as altas e pequenas instâncias de Fuerbach; o Santana Lopes teve arrepios de repentino cosmopolitismo, exacerbados pela infância na Avenida de Roma, quando as devotas e os devotantes militantes queriam que comesse carapau de escabeche no exacto tempo que se preparava perfumado e vagamente blasé, para uma directa na Lux; a Ferreira Leite, arrancada ao dormitar do seu tricot de números em ponto cruz, não gostou que a obrigassem a fazer contas em papel de embrulho, em feiras onde encontrava sempre o Paulo Portas, a vender enxadas, o último modelo, que este homem gosta de estar sempre " à último modelo" ( não fosse seu lema o provérbio popular: cada enxada cada minhoca).
Quanto ao Passos Coelho, também conhecido pelo PPC, anda à procura da juventude perdida, um Obama de saldo, com um pregador de ilusões e muitos perdigotos, tal qual Ângelo Correia.
Por Júpiter, não há índio para tanto Custer.
Não é que esteja muito interessado, à semelhança, aliás, do País.
Mas não há tanta tensão para tanta ilusão.
Estou a vê-los na televisão: a avozinha com voz de bruxa má; o menino-guerreiro com ademanes de gigolo de datado filme italiano; o ex-jovem com o pensamento engravatado de um bancário do BCP.
E como eles correm, discorrem e se socorrem do que há de mais comum no lugar!
Como os padres já não contam, que as homilias já pagam IVA ( e, se não pagam, deviam pagar) o melhor é contratar o Tony Carreira para uma sessão na Aula Magna da Reitoria, e o Marco Paulo para uma erudita reflexão, numa entremeada com Pacheco Pereira e Vasco Graçça Moura, para o S. Carlos.
A Gulbenkian já está reservada, há muito tempo, para um concerto de violinos de Santana Lopes.
E se não acreditam que isto pode ser real, porque é que hão-de acreditar que Ferreira Leite, Santana Lopes e Passos Coelho são reais?
Dizem-me, amigos avisados, que são hologramas do PSD.
Pedro Castelhano.

1 comentário:

António Eduardo Lico disse...

O Santana é Pedro, náo o Passos, não o Coelho, mas é todavia Pedro e também é Santana, e também é Lopes. No fundo resume-se a isso - o homem é Santana e ao mesmo tempo é Pedro e é Lopes.
Disse-me alguém, vagamente anarquista que o Santana, o tal que também é Pedro e não obstante, Lopes, não percebe nada de finanças, nem consta que tenha biblioteca. Mas nem todos podem ser como aquele Senhor muito culto que tem na sua (dele) biblioteca privada náo sei quantos mil livros.
Fico-me por aqui; não quero correr o risco de ser citatdo pelo tal Senhor muito culto.